terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ainda há tempo?


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Sou um velho.
Um homem velho caminhando sobre caminhos de pedras e pó de um mundo novo...

Hoje levantei antes do dia clarear. Andando á beira-mar, com o céu ainda pintado de cores escuras, ouvia a algazarra de centenas de vozes passarinhas nos galhos das amendoeiras.
O mar, ainda deitado sob seu cobertor de espumas, a tudo escutava ressonando baixinho na beira da praia.

O tempo passou, o céu clareou, o mar mudou de cor e os pássaros desceram para seu banho de areia.Um apressado carro desceu a ladeira e com um estampido de sua descarga suja espantou os pássaros, sujou as cores do céu, estremeceu as marolas e me fez lembrar que já não há mais tempo, neste novo mundo, de se apreciar as boas coisas de um velho tempo...

MARCO BRITTO

terça-feira, 6 de janeiro de 2009




Exercício Amoroso II- a fantasia escancarada



Imagino que você me olha.
Jeito acolhedor de quem
Me sabe, adivinha minha fome.

Imagino que você me chama.
A fala do sorriso de quem
Se sabe querido, amado
Desejado.

Imagino que você me toca
E aí sou flor, sabor, licor, amor...

Imagino que você me toma
E se entrega no beijo molhado
E eu me perco em seus olhos e
Me acho, no abraço.

Imagino que você me invade
E a vida urge, arde...

Imagino que você descansa.
No conforto dos meus braços,
Nos cachos do meu cabelo
E na ternura, que dispensa palavras.

Imagino e quero
Que assim sejam os primeiros anos
E todos os demais da nossa velhice
Desassombrada.

Imagino e quero
A beleza conquistada na cumplicidade
Do que construímos
Do que vivemos e viveremos
Eternizada em poesia.

EDNA LOPES
Publicado no Recanto das Letras em 06/11/2008



Exercício Amoroso - o sentido literal


Eu proseio,
Tu proseias,

Nós poetamos E ELE olhará,
Condescendente.
Vós lereis
Nas entrelinhas,
O indizível.
Eles, elas,
Vós e nós
Suspiraremos,
Apaixonados.

EDNA LOPES Publicado no Recanto das Letras em 18/04/2008

"Mulher deitada escrevendo " Almada de Negreiros "


Ave, Palavra!*


Escrevo o que me dita o coração
Traduzo a linguagem da minha alma,
E neste espaço
Cabe o infinito
O indizível
O indivisível
O Eu e o Outro.
Cabe a reflexão, a paixão,
A compaixão.
Cabe o amor, o desejo,
O atroz e o sublime,
O sagrado e o profano.
Cabe o sonho e a realidade,
Cabe o ontem, o hoje e
O amanhã.
Cabe o mistério, a indignação,
O desabafo e a partilha.
Na minha escrita
Cabe a vida e todas
As suas dimensões.

*Fiz este poema para concluir minha participação na atividade/Roda de prosa "Conversa com Autores" durante a 8ª Socialização de Experiências Educativas da SEMED-MACEIÓ-2007, noite do dia 11/12/2007.


EDNA LOPES
Publicado no Recanto das Letras em 13/12/2007