quinta-feira, 8 de maio de 2008

QUADRILHA



QUADRILHA
Marco Britto


À memória eterna de Drummond,
pois cada um amava aquela, que amava ele,
que amava alguém de outra turma...


Genésio, Nego Guio, Japão e Saborosa.
Copolato, Fred e Zé Preta.
Pateta, Rato Branco e Perninha...


“(...) E se somos Severinos / iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual, / mesma morte severina:
que é a morte de que se morre / de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte / de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença / é que a morte severina
ataca em qualquer idade, / e até gente não nascida) (...)” .


Ninha, Cremilda, Jamile e Maria Rosa.
Ana Marta, Márcia Morena e Dina, a Nega.
Ivete, Gilda e Soninha...


“(...) Quando em teus cabelos louros ou negros
mergulho o rosto,
parece que faz sempre sol-posto
que a noite mansamente nos meus olhos desce! (...)".


Além de rimas, lembranças,
de coisas tristes e gostosas,
além do nosso tempo de criança,
muito além de qualquer verso ou prosa.



Vem à tona em certa hora
num dado instante das nossas vidas,
saudades como a de agora,
retratos de muitas partidas.



Gente que se foi e não volta mais,
gente que nunca foi por medo de sair,
gente que jamais voltou atrás,
gente que foi obrigada a partir.


“(...) A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração (...) “.


Existem pessoas que fazem parte das nossas vidas sem ser exatamente aquelas a quem amamos, com quem brincamos, a quem queremos... Existem pessoas que fazem parte de nossas vidas justamente para nos mostrar que a vida é feita não só de amor e alegria, mas de uma dura - e às vezes - dolorosa realidade...


“(...) Há um menino, há um moleque / Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança / Ele vem pra me dar a mão.
Há um passado no meu presente (...) “

Fotos: 1 http://come-se.blogspot.com

2 viajeaqui.abril.com.br/.../1179524060831_129.jpg


terça-feira, 6 de maio de 2008

Nos meus sonhos



Nos meus sonhos

" Corro contra o tempo
Prá te ver
Eu vivo louco
Por querer você
Oh! Oh! Oh! Oh!
Morro de saudade
A culpa é sua..."
Contra o tempo - Vander Lee


Perto,
Tão perto,
Que quase posso sentir
O cheiro da tua respiração.

Longe,
Tão longe,
Que as distancias são atravessadas por sonhos,
Desejos sublimados,
Noites insones,
Dias de saudades.

Nos meus sonhos,
Teu abraço e teu sorriso
Estão ao meu alcançe,
Sempre.


EDNA LOPES
Publicado no Recanto das Letras em 20/04/2008
Código do texto: T954389
fotos da web

terça-feira, 22 de abril de 2008

Para os sonhos de Ícaro



Para os sonhos de Ícaro


Queres voar?
Então voa, meu pássaro!
De minha janela
Te observo e
Cuidarei de tuas asas,
Se feridas estiverem.
Voa,
Quero-te feliz.



EDNA LOPES
Publicado no Recanto das Letras em 15/04/2008
Código do texto: T947477

domingo, 30 de março de 2008

Palavras de um louco/ Marco Britto*réplica:*Direito de Resposta/ Edna Lopes

http://www.cienciahoje.pt/files/23/2368.jpg

Palavras de um louco

Marco Britto

Esqueçais minhas palavras,
amada!
Imploro-te!
Não lhes dê atenção,
e fingis que elas não existem,
que jamais existiram,
e que nunca passaram
de devaneios.

Ou então as considerais loucas,
insanas e dementes.
Pois é o que são, digo-lhe:
são palavras loucas e insanas,
Acredite-me!

Vós podeis pensar
no quanto estava eu
louco e embriagado
ao usar tais palavras.
Mas não as usei,
não as proferi,
Foram elas que arranharam
minha alma e
saltaram do peito.

Rebeldes e insensatas
é o que são!
Insurrectas palavras
a dar forma a sentimentos
que não lhe são seus,
onde já se viu?

Ficai, amada,
não se vá,
ouçais meu grito
desesperado!

Acreditais em mim
e considerais
todas as palavras
indignas e mentirosas
se esta verdade a pôr
distante do meu coração.

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O poeta baiano Marco Britto publicou este poema no Site Anjos de Prata em 2006. Encantou-me a dor quase palpável da paixão no poema! Ao reler, "incorporei" a musa e repliquei:

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Direito de Resposta

Discordo de ti amado, mas
Atenderei ao teu pedido:
Fingirei que não ouvi as palavras
De amor que foram ditas por ti.
Não mais lerei nas entrelinhas,
Nem acreditarei no que meus olhos
Captaram dos teus.
Não mais esperarei a carta que jamais escrevestes,
Confirmando tua paixão pela vida,
Por poesia, por metáforas
E por mim.


E, se queres, amado
Proibo-me de sonhar contigo!
Proibo-me de desejar ser tua,
Fantasiar o calor do teu corpo,
O afago nos cabelos,
O beijo desenhado em tua boca.

Dizei-me: o que achas que farei
Com a lembrança de teu sorriso?
Do teu olhar reconhecendo-me,
Acariciando minha pele?

Acaso pensas que só a ti
Visitam a embriaguês e a loucura?

Porém, não me culpes
Por teus desatinos, pois o meu
Já é de bom tamanho.

Peço-te, não me exijas o esquecimento.
Não me proponha a loucura de desistir
Do que não vivemos.
E não ouses negar
Que nossas almas são irmãs.

Queiras ou não,
O que sentimos
Já se eternizou
Em poesia.

Edna Lopes

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Obrigada, Poeta! o poema é de quem o lê e se encanta por ele. Beijo.

"A palavra é metade de quem escreve e metade de quem lê."
Luis Costa Lima, ensaista e professor, no filme documentário DRUMMOND, O POETA DAS SETE FACES.

EDNA LOPES
Publicado no Recanto das Letras em 13/03/2008
Código do texto: T898714

sexta-feira, 28 de março de 2008

MUSA

Eliseu Visconti


Renoir

MUSA

Sonho.
Sonhando, sonho contigo.
Sonhando contigo, flutuo,
dou passos largos
entre nuvens de orgasmos
e felicidade.

Penso.
Pensando, penso em ti.
Pensando em ti, pairo,
flano entre gozos
e regozijo.

Sinto.
Sentindo, sinto você.
Sentindo você, vivo.
E vivendo, desperto.
Despertando, percebo
que tudo não passa
de sonhos com você...

Marco Britto

quinta-feira, 20 de março de 2008

Sobre Beijos




Boca a espera
Úmida promessa.

Boca devorando vida
Beijo.

Sonhado
Desejado
Roubado
Beijo de namorado.

Caso minha boca
Exija-te, com sede
Conceda-me.
Lambuze-se
Com minha fome
De vida.



EDNA LOPES
Publicado no Recanto das Letras em 24/08/2007
Código do texto: T622521
fotos:
http://amaralnascimento.com/blog/

sábado, 1 de março de 2008

VELHO, VELHO CHICO *









" Velho Chico vens de Minas


De onde o oculto do mistério se escondeu


Sei que o levas todo em ti Não me ensinas


E eu sou só,eu só,eu só,eu..."


(Caetano Veloso - O Ciúme)




Rio São Francisco


Velho rio que ainda


Acolhe generoso


Quem dele se aproxima





Caminho às margens


E percebo vidas


Toco nos coqueirais


E mergulho na lenda





Deslizo nas dunas,


Aceno aos ribeirinhos e


Imagino histórias.


Observo as lavadeiras


E relembro seus cantos.





Penso no peixe, nas frutas


E no arroz irrigado,


Subsistência do Homem


Que vive do rio e para o rio.





Cumprimento o barqueiro


E o velho pescador de olhar sofrido,


Com a lembrança


Da pujança do rio de outrora.





Sinto, reconheço


A tragédia anunciada


No assoreamento


Do rio que agoniza





Velho, velho Chico


Encanto, saudade e pranto


De quem te sonhou


Crescente e

Te reencontrou

Minguante.





Nas minhas últimas férias, visitei a foz do Rio São Francisco e entristeceu-me a desesperança dos ribeirinhos com a tragédia anunciada do rio agonizante. A eles minha solidariedade irrestrita.


Fotos por Décio Torres disponibilizadas no end http://picasaweb.google.com/ednalnascimento/VelhoVelhoChico



EDNA LOPES
Publicado no Recanto das Letras em 14/02/2008 Código do texto: T859621
**Publicado também no site Anjos de Prata, para o Tema Livre.