
Assim como conservo as lembranças das chuvas de verão, assim são as lembranças que guardo de ti. Céu claro, pios de pássaros dançando em galhos de amoreiras, uma brisa suave agitando flores d’açucenas... Num instante seguinte calam-se os pássaros, o céu escurece, cessa o gangorrear de alvas pétalas... Pingos grossos tamborilam em vidros de janelas, agitam-se, agigantam-se e repicam nos telhados de zinco... Chove forte e torrencial. Trovejam gemidos, explodem espasmos. Depois voltam as gotas de chuvisco fino e os risos à meia-voz. 0uve-se o farfalhar dos ramos das mangueiras e eu ouço o leve sussurrar do seu alento sobre o meu peito. A tarde se finda, a tempestade vai embora...Por fim, a vida retorna à sua branda alegria.